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“Cuidado para não se queimar. ”  


Isto deveria estar escrito em algum tipo de manual quando se conheceram, pois juntos soltavam faíscas. Não podiam chegar perto, nem se olhar e muito menos tocar um a outro sem que uma simples ida ao parque virasse uma cena de Calígula. Já preencheram com seu amor todos os cômodos da casa, banheiros de bares, restaurantes, casas de amigos, praias, museus e até mesmo aquele cantinho escuro ao lado da pista de dança na rave do último fim de semana.


Os dois brincam que se sexo fosse esporte olímpico, a dupla certamente estaria entre os melhores atletas do mundo. Ele pensa que às vezes até tem vontade de contar as pessoas o que acontece, mas prefere guardar pra si mesmo como um segredo. Tem medo que a conexão deles se torne um dos maiores mistérios da humanidade e venham a ser estudados por cientistas como cobaias, ou possam ser caçados por fanáticos religiosos, como bruxas. 


O sexo deles prova a reencarnação, a existência de deus e do diabo. 


Dizem que para atingir a iluminação é preciso meditar muito, mas eles não acreditam que irão virar luz da mesma forma que Sidarta. Ao invés de sentarem ao pé de uma figueira e meditarem por 49 dias, deitarão em uma cama e conectados em uma dança que só os dois sabem fazer, saberão tudo o que se pode saber sobre o mundo, a vida e a morte, antes de esvaírem-se pelo ar como uma estrela que explode por toda a eternidade.

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